Por que licenciamento é mais fragil que franquia?
Fácil para entrar, fácil para sair.
Nos últimos anos, algumas redes de varejo — em especial os minimercados — passaram a adotar o licenciamento como principal forma de expansão. O argumento é simples: contratos mais leves, menos burocracia e uma barreira de entrada reduzida para atrair parceiros. Mas será que essa facilidade inicial não está escondendo uma fragilidade estrutural que compromete o futuro da marca?
A escolha pelo caminho mais fácil
Ao optar pelo licenciamento, a rede se beneficia de uma entrada rápida:
Não precisa entregar a Circular de Oferta de Franquia (COF), talve o principal vilão da venda de franquias..
Evita o prazo legal de dez dias de reflexão do candidato.
Define livremente cláusulas contratuais, sem seguir regras rígidas.
Ganha agilidade para expandir sem passar pelo peso jurídico da Lei de Franquias.
Essa liberdade, porém, tem um preço: a ausência de uma estrutura legal robusta que proteja as partes envolvidas..
A fragilidade do modelo de licenciamento
A expansão por licenciamento cria uma sensação de crescimento acelerado, mas traz riscos ocultos:
Rotatividade maior: o licenciado tem menos vínculos contratuais e jurídicos, o que facilita sua saída da rede. Muitas vezes, ele mantém o ponto e passa a operar de forma independente.
Criação de concorrentes: ao sair, o ex-licenciado leva consigo experiência, fornecedores e até clientela, tornando-se um concorrente direto.
Falta de padrão: sem manuais, treinamentos e acompanhamento obrigatório, a rede perde consistência, e a marca se fragiliza perante o consumidor.
Menor blindagem jurídica: como não há legislação específica, os contratos ficam mais sujeitos a interpretações e disputas judiciais.
O contraste com a franquia
A franquia pode parecer mais “pesada” na entrada — com taxas, royalties, fundo de marketing, exigências legais e prazos a cumprir. Mas essa mesma estrutura cria compromissos sólidos:
O franqueado entra sabendo que existe um modelo validado e suporte contínuo.
O contrato é mais longo e detalhado, o que reduz a chance de abandono precoce.
A legislação dá segurança às duas partes, reduzindo arbitrariedades.
O resultado é uma rede que cresce de forma mais estável e sustentável, com menor índice de deserção.
O risco de uma falsa sensação de expansão
Muitas redes veem no licenciamento uma solução mágica para escalar rápido, mas correm o risco de se transformar em “fábricas de concorrentes”. Ao abrir as portas sem exigir compromisso e padronização, criam um ecossistema instável, no qual o parceiro entra com facilidade — mas sai com a mesma facilidade.
Essa fragilidade pode corroer a rede por dentro: o número de unidades cresce no papel, mas a solidez da marca e a fidelidade dos parceiros ficam comprometidas.
Considerações finais
O licenciamento pode ter seu espaço estratégico, principalmente em negócios onde a padronização não é tão crítica. Porém, quando falamos de redes de varejo, minimercados e serviços que dependem da força da marca e da consistência operacional, a franquia segue sendo a escolha mais segura.
Redes que confundem “crescer rápido” com “crescer sólido” podem descobrir tarde demais que o licenciamento, em vez de impulsionar, acabou fragilizando o próprio negócio.
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