O mercado de franquia caminha para canal de captação de recursos, e não de gestores
A franquedora faz o trabalho e compete pelo recurso
O franchising vive uma mudança de perfil. Durante anos, abrir uma franquia significava estar pronto para ser o dono da operação: contratar, gerir equipe, atender clientes e cuidar de cada detalhe do negócio. Hoje, esse cenário já não é tão verdadeiro. A franquia começa a se consolidar também como um veículo de investimento financeiro — e esse movimento traz novas oportunidades e novos desafios.
Investidores com mais opções e menos compromisso
O mercado mudou. O investidor de hoje não busca apenas trabalhar, mas sim colocar o capital para render. Ele tem alternativas cada vez mais diversas: bolsa de valores, startups, imóveis, criptoativos e fundos. E, no Brasil em especial, um fator ganha peso: a alta da taxa de juros.
Com a Selic elevada, produtos de renda fixa — CDBs, LCIs, Tesouro Direto — oferecem retornos atrativos, seguros e sem dor de cabeça. Para o investidor, é um alívio: há alternativas de ganhos consistentes sem necessidade de se envolver em operação alguma. Para o franchising, é um obstáculo: competir com esse cenário exige oferecer mais do que retorno financeiro, exige oferecer propósito, crescimento e diferenciais que justifiquem o risco e o esforço.
A resposta das franqueadoras: automação e centralização
Para não perder espaço na disputa por capital, as franqueadoras vêm assumindo funções que antes eram do franqueado.
Marketing local: campanhas em redes sociais e tráfego pago geridos pela franqueadora.
Atendimento e vendas: plataformas como iFood, WhatsApp Business e aplicativos próprios.
Burocracia e logística: emissão de notas, gestão de estoque e até o suporte técnico já centralizados.
Esse movimento reduz a dependência do franqueado na operação e transforma a franquia em algo mais próximo de um ativo de investimento, comparável a um fundo ou uma participação societária.
Franquia versus renda fixa: o novo dilema
Enquanto a renda fixa oferece retorno previsível com risco baixo, a franquia oferece algo a mais: a chance de participar de um negócio real, tangível, com marca consolidada e potencial de expansão. Ainda assim, para atrair capital, as franqueadoras precisarão:
Provar que entregam rentabilidade acima da renda fixa.
Mostrar que oferecem crescimento de patrimônio e não apenas fluxo de caixa.
Posicionar o franchising como uma opção de diversificação de portfólio, não concorrente direto da renda fixa.
O futuro do franchising
Franqueados mais investidores do que operadores.
Franqueadoras mais tecnológicas, automatizadas e centralizadoras.
Concorrência direta com o mercado financeiro. Quem não entender isso, perderá capital para produtos conservadores, mas atraentes, como CDBs e Tesouro Direto.
Conclusão
O franchising brasileiro vive uma encruzilhada: de um lado, a atratividade da renda fixa segura; de outro, a promessa de crescimento das franquias. Para continuar captando recursos, as redes terão que se provar não apenas como negócios bem estruturados, mas como investimentos que entregam retorno acima do mercado financeiro tradicional.
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