Franquias: abrir com capital próprio ou financiado?
Manter sua reserva e pagar juros pode ser uma boa opção?
Depois de definir em qual segmento deseja atuar, identificar as marcas mais alinhadas ao seu perfil e iniciar o “namoro” empresarial, surge uma questão fundamental: vale a pena investir todo o capital necessário com recursos próprios ou recorrer a financiamento?
Nunca financie 100% do seu novo negócio
Perceba que, propositalmente, não considerei a hipótese de financiar 100% do investimento, pois dificilmente essa é uma estratégia saudável para começar um negócio. A decisão entre utilizar recursos próprios ou financiados pode envolver diferentes razões, como:
- Você possui o capital necessário, mas se aplicá-lo integralmente ficará sem reserva para capital de giro e para suportar o prazo de retorno do investimento.
- Você tem recursos para o investimento e para a reserva de segurança, mas prefere utilizar parte do capital disponível, pois consegue captar dinheiro no mercado a taxas mais vantajosas do que as de suas aplicações financeiras.
- Você não possui o valor total e precisa complementar o investimento com recursos de terceiros.
Onde está o crédito para novos negócios?
Se voltarmos cerca de dez anos, existia basicamente uma instituição financeira que oferecia crédito específico para quem desejava abrir uma franquia, e ainda assim com taxas semelhantes às de qualquer outro negócio. Hoje, porém, é possível identificar pelo menos sete instituições públicas e privadas que oferecem crédito direcionado ao franchising, com taxas competitivas e prazos de carência que viabilizam melhor o início da operação.
É claro que isso não ocorre por caridade — instituições financeiras visam retorno — mas existem razões de mercado para essas facilidades. O setor de franquias no Brasil apresenta taxas de sucesso muito superiores a outros formatos de negócios; franqueadores estão mais estruturados; e, talvez o fator mais relevante, os índices de perenidade de negócios franqueados são bastante consistentes. Em até três anos, cerca de 60% dos negócios independentes encerram as atividades, enquanto o índice de fechamento entre franquias gira entre 5% e 8% no mesmo período, segundo o Sebrae.
Tenha o próprio negócio como garantia
Outro aspecto importante é a liquidez de um negócio franqueado. Se, na pior das hipóteses, o empreendimento não der certo, a chance de repassar uma unidade de franquia costuma ser maior, e com menor depreciação do que um negócio independente, onde o repasse muitas vezes se torna difícil, sujeito a especuladores e compradores sem confiança no negócio.
Se optar por financiar parte do investimento, especialistas recomendam não ultrapassar 30% do capital total necessário. Além disso, mesmo sendo uma franquia, é imprescindível ter um plano de negócios detalhado, prevendo o prazo de retorno do investimento e eventuais riscos.
Alinhamento com a política da franqueadora
Outro ponto de atenção é verificar se a franqueadora permite a abertura da unidade com capital financiado. Muitas ainda exigem que o investimento seja integralmente próprio, embora algumas marcas contem com parcerias bancárias ou apoio na elaboração de projetos e planos de negócios para facilitar o acesso ao crédito.
Conclusão
Em suma, não deixe que a empolgação de empreender leve a decisões precipitadas. Avalie cuidadosamente as taxas, prazos de carência e o potencial de retorno. Se necessário, conte com uma consultoria especializada — seja privada ou de agências de fomento ao empreendedorismo — para tomar a melhor decisão.
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