A Cacau Show é uma seita?
Uma visão de quem esteve lá dentro por mais de 10 anos e viveu expansão e comercial no dia a dia.
Recentemente, uma matéria do portal Metrópoles chamou atenção ao afirmar que franqueados da Cacau Show estariam comparando a rede a uma “seita”. O termo forte ecoou pelas redes sociais e levantou questionamentos sobre o modelo de gestão, a cultura empresarial e o papel do fundador da marca.
Fui parte da Cacau Show por mais de uma década e deixei o grupo em 2016. Conheço de perto a força da cultura, os bastidores dos processos, os desafios da rede e o que há por trás de seu sucesso. Por isso, ofereço aqui uma avaliação honesta, crítica e fundamentada para quem realmente deseja entender o que existe por trás da manchete.
Rituais corporativos não são sinônimos de seita
É verdade que a Cacau Show tem muitos rituais internos — e isso sempre fez parte da estratégia da marca para gerar engajamento. Eventos como a “primeira caixa” ou a “última caixa” de uma grande campanha (como a de Páscoa) são simbólicos. Reúnem franqueados e colaboradores em torno de um propósito. Não são cultos: são momentos emocionais e estratégicos que reforçam o pertencimento.
As reuniões de segunda-feira, que se iniciam com uma oração ou reflexão espiritual, também não devem ser interpretadas como doutrinação. No mundo corporativo, isso é mais comum do que parece. Muitas pessoas têm espiritualidade — e dedicar cinco minutos a isso pode ser mais um gesto de respeito humano do que imposição religiosa. O nome “seita” carrega um peso negativo que não traduz corretamente essa proposta de cultura engajada.
Uma rede grande demais para retaliações individuais
Com mais de 4.500 unidades, a Cacau Show não tem mais estrutura para retaliações subjetivas. O que existe são processos padronizados de avaliação de performance — como o Programa de Excelência — que pontuam lojas com base em critérios objetivos: organização, metas de vendas, participação em campanhas, entre outros.
Se um franqueado é “negativado”, é quase sempre por méritos (ou falhas) mensuráveis. A ideia de que a rede pune quem reclama, por exemplo, com produtos de validade curta, não se sustenta logicamente e neste caso nem logisticamente. A escala atual exige padronização, governança e equidade — e retaliação seletiva seria um risco jurídico e reputacional inaceitável.
Processos judiciais? Volume é diferente de problema
Outra crítica comum envolve o número de processos contra a rede. Mas aqui é preciso contexto: com milhares de transações diárias e uma base imensa de contratos ativos, é natural que existam processos — como acontece com qualquer grande empresa. O número absoluto não reflete, por si só, abusos ou más práticas. É o volume proporcional e a reincidência que devem ser analisados — e nesse quesito, a Cacau Show está longe de destoar negativamente do mercado.
Um caso real: a franqueada que faturava muito em uma cidade pequena
O perfil “Doce Amargura”, citado na matéria, foi criado por uma ex-franqueada de uma cidade com menos de 30 mil habitantes — e mesmo assim sua loja tinha faturamento altíssimo. Esse é um dado relevante: a força da marca Cacau Show multiplica o potencial de faturamento de uma loja, mesmo em cidades sem atrativos turísticos ou econômicos. Uma loja que venderia R$ 150 mil por ano com chocolates genéricos nesta cidade, fatura R$ 2 milhões com a marca Cacau Show.
Claro, esse sucesso exige participação intensa em campanhas, metas ousadas e às vezes estoques mais altos. Mas é justamente esse “empurrão comercial” que sustenta a performance de vendas acima da média. É um sistema exigente, sim. Mas também muito produtivo para quem sabe jogar o jogo.
Alê Costa: intensidade, genialidade — e também resistência
O fundador da rede, Alexandre Tadeu da Costa, é uma figura intensa. Tudo o que faz, leva ao extremo. Seu olhar sobre marketing é afiado, estratégico, e brilhante. Ele é um talento raro em vendas, motivação e negociação. Isso o torna admirável para muitos — e incômodo para outros.
Por ser um negociador muito forte, ele naturalmente desequilibra algumas relações — franqueados, fornecedores ou colaboradores muitas vezes sentem “perder” para ele, porque ele costuma ganhar mais. Mas essa é justamente a essência de qualquer líder de negócio excepcional: ele desequilibra a média. Isso gera respeito e, inevitavelmente, resistência.
Uma crítica legítima: a margem do franqueado
Se há uma crítica que faço ao modelo atual é sobre as margens praticadas. Acredito que a Cacau Show, pelo porte que tem e pela lucratividade evidente, poderia oferecer ao menos 10% a mais de desconto na compra dos produtos pelos franqueados. Isso tornaria a rede mais saudável — ou, ao menos, mais equilibrada. Esse pequeno ajuste comprometeria pouco a saúde financeira da franqueadora, e teria um impacto significativo na vida financeira do franqueado médio.
Conclusão: vale a pena ser franqueado da Cacau Show?
Sim, desde que você entre com os olhos abertos. A Cacau Show é uma marca exigente, com um modelo de gestão intenso, campanhas agressivas e cobrança por performance. Mas também é uma máquina de vendas com estrutura, marca forte e uma cultura de entrega.
Se você busca liberdade total, talvez não seja o seu modelo. Mas se busca escala, tração e crescimento rápido, vale analisar com profundidade. E mais importante: entenda que uma cultura forte pode ser interpretada de formas diferentes — mas é ela que sustenta o sucesso em longo prazo.
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