A morte do varejo físico tradicional é gradual e silenciosa
Pouco a pouco a tríade internet + logística + investimento vai matar o varejo
O varejo brasileiro passa por uma transformação silenciosa. Modelos de negócios que dominaram por décadas — comércio de rua, shoppings e grandes polos de venda como o Brás — começam a perder força. Não é apenas uma mudança de hábito: é uma mudança estrutural, econômica e cultural.
A lógica das margens mudou
Tradicionalmente, a cadeia de consumo funcionava assim:
A fábrica produzia e vendia por X.
O lojista/revendedor comprava por X e revendia por um valor Y.
O consumidor final pagava o Y pelo preço original, aceitava porque não havia alternativa.
Hoje, esse modelo se inverteu. A fábrica passou a vender direto ao consumidor, muitas vezes com uma fachada de “revenda”, mas na prática com desconto real. Em vez de vender por Y através do varejo, ela vende por Y menos 30% no e-commerce.
Essa diferença de 30% no preço final é brutal. Para o consumidor, significa economia imediata. Para o lojista físico, significa perder sua principal justificativa de existir.
Comércio físico cada vez menos atrativo
Shoppings, centros de comércio popular e até lojas de rua estão sofrendo porque não conseguem competir:
Preço: o digital entrega mais barato.
Comodidade: comprar pela internet virou sinônimo de conveniência, com trocas fáceis e políticas de devolução amigáveis.
Escala: fábricas agora podem vender para qualquer consumidor do Brasil — ou do mundo — sem depender de atravessadores.
Logística: transportadoras e sistemas de entrega ultrarrápidos permitem que o produto chegue em dias (ou até horas) ao cliente.
Esse conjunto de fatores torna a ida até o Brás ou até uma loja de shopping cada vez menos interessante para quem busca apenas o básico ou produtos-commodity.
O consumidor não precisa mais da loja física para o básico
Se antes ir até a loja significava experimentar, sentir o tecido ou testar um tamanho, hoje esse obstáculo desapareceu.
Tabelas de medida, reviews de outros clientes e políticas de troca fácil substituem a necessidade de provar.
A segurança digital aumentou, e comprar online deixou de ser “arriscar”.
O consumidor aprendeu a confiar no processo, e prefere gastar tempo apenas em lojas que entregam experiência real.
O que sobra para o varejo físico
Isso não significa o fim das lojas, mas sim o fim de um modelo de varejo ultrapassado. Sobreviverão apenas:
Lojas de experiência, onde o cliente não vai apenas comprar, mas viver algo.
Marcas fortes, que vendem pertencimento, identidade e estilo de vida, não apenas produtos.
Segmentos de alto envolvimento, onde testar, sentir ou provar ainda é fundamental.
O restante — o varejo de commodities, sem diferenciação — tende a perder relevância até desaparecer.
Você tem uma loja física? O que lhe resta é procurar sempre se diferenciar e de preferência buscar fornecedores que traga produtos exclusivos para o canal pessao física com margens aceitáveis.
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