Empresas Familiares e Franquias: um novo campo de atuação para conselheiros consultivos
Para franqueadores e também para franqueados de sucesso.
Sou aluno do curso de formação de conselheiros consultivos e, ao longo dessa jornada, tenho me aprofundado nos desafios enfrentados por empresas familiares brasileiras. Em paralelo, tenho voltado meu olhar para um setor que, embora dinâmico e promissor, também carrega peculiaridades que o tornam ainda mais desafiador: o universo das franquias.
Minha motivação é clara: contribuir como conselheiro para empresas familiares que atuam (ou desejam atuar) como franqueadoras, unindo dois ecossistemas intensamente interligados — a família empresária e o modelo de expansão por franquias.
Um retrato das empresas familiares brasileiras
Segundo dados recentes do SEBRAE e IBGE, cerca de 90% das empresas no Brasil nascem familiares. Destas, apenas 30% chegam à terceira geração. E os motivos dessa fragilidade não estão ligados apenas à competição do mercado ou à instabilidade econômica. Em boa parte, a raiz está na ausência de estruturas de governança adequadas, na falta de planejamento sucessório e no acúmulo de tensões familiares que se infiltram nas decisões estratégicas.
O curso tem me mostrado que, mais do que aconselhar, o papel do conselheiro consultivo é criar pontes: entre gerações, entre emoções e razão, entre intuição e planejamento.
E onde entra o mundo das franquias?
O franchising é, por excelência, um modelo de crescimento baseado em padronização, escalabilidade e governança. Exatamente o oposto do que vemos em muitas empresas familiares ainda em estágios iniciais de profissionalização.
Por isso, o casamento entre empresas familiares e o sistema de franquias exige cuidado. Não basta ter um bom produto ou serviço. É preciso:
Separar papéis entre sócios, família e gestão;
Formalizar regras e processos (inclusive afetivos e sucessórios);
Criar mecanismos de tomada de decisão estratégica, como um conselho consultivo;
Planejar o crescimento com base em indicadores e visão de longo prazo.
Tenho estudado casos em que empresas familiares, ao tentar franquear seus modelos sem essas bases estruturadas, enfrentaram crises internas, conflitos entre gerações e frustrações com franqueados. E justamente aqui vejo uma oportunidade real para atuação como conselheiro.
O papel do conselheiro nesse cenário
Um conselheiro consultivo pode apoiar uma empresa familiar franqueadora de diversas formas:
Governança: ajudando a estruturar a relação entre sócios, familiares e executivos, inclusive franqueados;
Sucessão: conduzindo conversas difíceis de forma técnica e isenta;
Expansão com responsabilidade: garantindo que o modelo de franquia seja replicável, sustentável e alinhado à cultura familiar;
Conexão com o mercado: trazendo repertório, benchmarking e escuta ativa para equilibrar tradição e inovação.
Além disso, para empresas que ainda não são franquias, mas têm potencial de expansão, o conselheiro pode ser uma peça-chave na tomada de decisão sobre o momento certo de iniciar essa jornada, avaliando riscos, estrutura e estratégia.
Um chamado pessoal
Concluir este curso tem sido, para mim, mais do que uma formação técnica — tem sido uma jornada de autoconhecimento e conexão com minha vontade de gerar impacto. Escolhi, com convicção, dedicar minha atuação a empresas familiares do segmento de franquias. Acredito que, com escuta, método e coragem, posso contribuir para que essas empresas se tornem mais sólidas, longevas e alinhadas com seus propósitos.
Seja por meio da mediação de conflitos, da estruturação de conselhos ou da condução de planejamentos estratégicos, quero apoiar essas empresas a atravessarem o crescimento com mais leveza e clareza.
Porque, no final, a sustentabilidade de uma empresa familiar — especialmente no franchising — não depende só de saber o que fazer, mas de como fazer, com quem fazer e quando fazer.
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